terça-feira, 4 de novembro de 2014

Monólogo de um cidadão frustrado

minha lingua é um cerol
quero tudo igual a mim
nela só não passa nerol
que me faria ser bichim

tenho Face e tenho blog
no primeiro jogo o TOC
no segundo fico grogue
com ghost da belle époque

Jorge Palma

Penso em voz alta
Até que ouço a mesma voz
Não fale comigo nesse tom
Quero lá saber
Eu quero é ganhar
Até que possa viver só
Sem ter que dar satisfações

Recordo o tempo
Em que a própria noite
Era o Pai Natal
Com o seu saco de prendas

Mais uma vez sonhei com uma mulher
Que me abria as portas
Do Palácio de César

Salta, manhã
São horas de andar
Café, depressa
De novo atrasado
Calma, está quase
Lá vem o patrão
Porra, já está
Aguentei outro dia


Mais um sorriso
Este tem que valer por dois
Em vez do grito que não dei
Faço o meu preço
Faço o leilão
Qualquer um pode concorrer
Mas ninguém será reembolsado, não

Dou uma vista de olhos no jornal
Dez mil contos por uma mansão
Com piscina
Vejo o relógio
Engolir o dia
E os preços a subir de novo
Em Novembro

Salta, manhã...

Anoiteceu
Acho que é tempo de pensar
Mas hoje estou tão fatigado
Outro cigarro, outra imperial
Agora já me sinto melhor
Se eu pudesse arranjar o Mundo
Falas em casas debaixo do chão
Para quando as radiações nos ameaçarem

Caio na cama
E fico a cismar
Será mesmo assim
Ou serei eu que estou louco?

Salta, manhã...